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21.2.20

Rapper Pirata



17/02/2020

Rapper Pirata é um dos MCs paulistano de relevância na atualidade através da sua arte independente desde de 2000 que não fica somente em suas rimas, mas na sua atuação no cenário cultural e político da cidade.

Rapper Pirata realiza junto ao Fórum de Hip Hop Municipal São Paulo desde 2005 diversas articulações políticas para a efetivação das leis municipais voltadas para o hip hop e todas as áreas da cultura. Sempre em diálogo com os movimentos sociais e poder público em prol do hip hop e valorização do cenário artístico periférico.

Formado em jornalismo Rapper Pirata utiliza-se das ferramentas de comunicação como ação política e cultural em uma sociedade técnica cientifica e midiática, construído pela da indústria de entretenimento. Ele utiliza as ferramentas com intenção de se comunicar e valorizar a política sociocultural histórica do hip hop, e combater o racismo institucional. Exemplo a campanha Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica iniciada no ano de 2012.

“Única coisa que eu queria era um microfone para rimar”, frase sempre é dita pelo Rapper Pirata que também é produtor musical, de vídeos, de shows, artístico, cinegrafista, jornalista, ativista social e outras ações que vai desenvolvendo em sua carreira independente. Em seu repertório tem mais de trezentas letras compostas, diversos artigos, mais de cinco mil ocorrências no Google, noventa vídeos YouTube, 40 músicas gravadas.

Rapper Pirata é responsável por elaboração de oficinas educativas de comunicação comunitária, planejamentos de sócio político cultural, formação de rede, articulação sócio política, produção de música, técnicas do mundo do trabalho; Atendimento ao público, elaboração de eventos, gravação e produção de vídeos, manutenção e elaboração de comunicação virtual (blogs e site de relacionamento), palestras, elaboração, planejamento comunicação de eventos, técnica de audiovisual, gerenciamento de equipe, organização participativa em conferências e parlamentos políticos, campanha promocionais, comunicação comunitária e edição de vídeo.

Segue abaixo entrevista exclusiva com Rapper Pirata para a www.ritmomelodia.mus.br, entrevistado por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa em 17.02.2020:

01) Ritmo Melodia: Qual a sua data de nascimento e a sua cidade natal?

Rapper Pirata: Nasci no dia 09.09 em São Paulo – SP. Registrado como André Luiz dos Santos.

02) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.

Rapper Pirata: Foi quando criança minha mãe e vizinhos ouviam pela rádio, então eu e meu irmão brincava de rádio. Depois a adolescência nas festas dançando. Agora a fazer! Eu tinha entre 16 e 17 anos ficava tirando sarro fazendo rap de improvisos, depois resolvi escrevi minha primeira música: Gira Mundo, Mundo Gira que retrava a vida das ruas e a crianças que viviam nela, já era politizada.

03) RM: Qual a sua formação musical e\ou acadêmica fora da área musical?

Rapper Pirata: Comunicação Social – Jornalismo, Universidade Bandeirante de São Paulo (dezembro/2000). Pós-Graduação Latu Senso em Gestão de Projetos Sociais Politicas, Faculdade Paulista de Serviço Social. Curso Defensor Social – Defensoria pública de São Paulo. Gestão em Projetos Sociais, SENAC São Paulo. AUXILIAR TÉCNICO EM ESPETÁCULOS, PREFEITURA DE SÃO PAULO, NÓS NO CENTRO E CEEP. Idiomas: Espanhol intermediária e Inglês básico. Sou autodidata no estudo e produção musical e totalmente independente.

04) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente. Quais deixaram de ter importância?

Rapper Pirata: Tim Maia, Tupac Shakur, Notorius, Gabylonia, Calle 13, Julio Voltio, Racionais MC’s; quase todos RAP mundial.

05) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira musical? O que levou a escolher Rapper Pirata como nome artístico?

Rapper Pirata: Nas ruas de São Paulo e de forma independente, pois cresci no centro velho de São Paulo. Rapper Pirata era o apelido da escola e das ruas, ai, já era, respeitei.

06) RM: Quantos CDs lançados?

Rapper Pirata: Lancei um CD e depois da popularização das plataformas digitais não vi mais função do CD físico. Tenho mais 50 músicas nas plataformas digitais.

07) RM: Como você define seu estilo musical?

Rapper Pirata: RAP.

08) RM: Você estudou técnica vocal?

Rapper Pirata: Não! No RAP criamos própria técnica vocal e fazemos da voz um instrumento entre os beats(ritmos) para a música fazer parte da vida das pessoas.

09) RM: Quais as cantoras(es) que você admira?

Rapper Pirata: Todos os cantores e cantores da indústria cultural é obrigado aceita-los.

10) RM: Como é o seu processo de compor?

Rapper Pirata: Componho pensando minha vida física e emocional em encontro com a realidade do povo que sou.

11) RM: Quais são seus principais parceiros de composição?

Rapper Pirata: Os artistas que frequentam o Fórum de Hip Hop Municipal de São Paulo – https://www.forumhiphopmsp.com.br.

12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Rapper Pirata: Um dos contras, é que o gosto musical é padronizado pela indústria cultural, então você pode fazer uma obra-prima que não será percebida, pois tudo tem que vender a partir da concepção do que é qualidade para indústria cultural. Já a vantagem é que você consegue ter acesso à liberdade de expressão e o seu caos organizado pelo seu cosmo musical.

13) RM: Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Rapper Pirata: Eu sou um artista que luta pelo direito coletivo e valorização dos artistas. E sei quais são as funções das políticas culturais do país e quem o acessa, então para o meu acesso preciso fazer o povo acessar, porque faço parte do povo.

14) RM: Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira?

Rapper Pirata: Sou vídeo maker, jornalista, produtor, ativista sociopolítico e etc.. Uso todas as técnicas de comunicação e ferramentas para difundir meus sons.

15) RM: O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de sua carreira?

Rapper Pirata: Para mim só ajuda, pois fura os bloqueios e meus meios de comunicação da grande mídia.

16) RM: Quais as vantagens e desvantagens do acesso à tecnologia de gravação (home estúdio)?

Rapper Pirata: Os custos de produzir música RAP ficou mais suave, baixo custo financeiro e me tornei produtor musical do meu próprio trabalho.

17) RM: No passado a grande dificuldade era gravar um disco e desenvolver evolutivamente a carreira. Hoje gravar um disco não é mais o grande obstáculo. Mas, a concorrência de mercado se tornou o grande desafio. O que você faz efetivamente para se diferenciar dentro do seu nicho musical?

Rapper Pirata: Sendo eu, o Rapper Pirata.

18) RM: Como você analisa o cenário do RAP brasileiro. Em sua opinião quem foram às revelações musicais nas duas últimas décadas e quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?

Rapper Pirata: Puxa! Difícil falar do RAP nacional, pois ele ainda não é aceito pela indústria musical, uns sons até rola, mas sua indústria é invisível pela grande mídia, então somos os que melhores usam as mídias sociais pela internet. O RAP brasileiro é música nova, e a indústria cultural para controlar os direitos autorais do Brasil impõe ao povo a ouvir músicas antigas, pois ela que é dona dos direitos autorais dessas músicas, assim ela mantém sua fortuna.

19) RM: Quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?

Rapper Pirata: Sou da cena independente e difícil esse conceito de profissionalismo, pois é um valor criado por grupos que sabem que só eles terão acesso, em razão das grandes fortunas que jogam em jabás e etc. Hoje chamam de publicidade, o que é crime constitucional.

20) RM: O que lhe deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?

Rapper Pirata: A música é minha base para viver, então não há tristezas.

21) RM: Você acredita que sem o pagamento do jabá as suas músicas tocarão nas rádios?

Rapper Pirata: Pagar para rádio tocar uma música na sua programação de forma sistemática é crime e desorganiza toda a indústria cultural do Brasil. As pessoas gostam de músicas que elas nem sabem porque gostam, só vão na febre (moda).

22) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?

Rapper Pirata: Acreditar no que faz e fazer de verdade para evitar as frustações com a realidade que te obriga não acreditar em sua arte.

23) RM: Quais os prós e contras do Festival de Música?

Rapper Pirata: Não participo de Festival de Música nem de SLAM (é uma competição em que poetas leem ou recitam um trabalho original).

24) RM: Como você analisa a cobertura feita pela grande mídia da cena musical brasileira?

Rapper Pirata: A grande mídia tentar controlar impondo as estéticas arianas transvestidas de profissionalismo.

25) RM: Qual a sua opinião sobre o espaço aberto pelo SESC, SESI, Itaú, Banco do Brasil e CAIXA Cultural para cena musical?

Rapper Pirata: Deveria promover e dar acesso aos artistas considerados não consolidados pela grande mídia brasileira. O objetivo desses espaços é vender imagem e não devolver os impostos para o Estado investir no direito cultural. Tudo é dominado por editais que não parecem nunca lícitos, porque na cena musical rola o tal: “Você conhece tal pessoa?”

26) RM: O circuito de Bar na sua cidade é uma boa opção de trabalho para os músicos?

Rapper Pirata: Infelizmente, não para quem canta RAP. Somos o movimento que mais usam os espaços públicos para manifestar nossa arte.

27) RM: Quais os seus projetos futuros?

Rapper Pirata: Hoje estou no ritmo workaholic e hoje os meios de produção facilitar isso e curto. Bateu a inspiração vamos as panelas fazer música. A acessem as plataformas digitais: SounCloud, YouTube, Facebook e etc. Sempre há algo novo da minha produção musical.

28) RM: Quais seus contatos para show e para os fãs?

Rapper Pirata: (11) 9.8216 – 2160 | rapperpirata@gmail.com | www.rapperpirata.com.br | www.youtube.com/user/rapperpirata | https://soundcloud.com/andre-cleitonrap | https://soundcloud.com/rapperpirata | https://soundcloud.com/forumhiphopmsp

fonte: https://www.ritmomelodia.mus.br/entrevistas/rapper-pirata/

26.8.18

O PODER DO ESTADO MILITAR ALGEMA O NOVO GOVERNADOR DE SÃO PAULO


Rapper Pirata
SP 26 de agosto de 2018.
O discurso das campanhas dos políticos a governadores em 2018, seja de qualquer legenda, está rendido por haver neles o poder manipulador dos interesses das instituições de segurança públicas, essas que já detêm R$ 10 Bilhões dos recursos do estado. Os seres humanos que estão a frente delas encontraram à armadilha para aprisionar o PIB do estado Eles também acharam a via introjeção do estado militar, tanto que vão interferindo em todas as instituições publicas possíveis, assim impõe suas regras e filosofia contra os cidadãos. Para disfarçar se o discurso, dizem se democrática da tal falsa sensação de segurança, então criminalizam os pobres como inimigo público, sendo uma luta de Deus contra os hereges. Os mentores dessa forma de apropriação do estado, que não se revelam, esses escondem se atras das instituições de segurança pública, recebendo suas horárias por serem antidemocráticos e desvalorizadores dos direitos humanos.
Hoje é impossível observar na fala dos dos candidatos combate a miséria provocada pela não distribuição de renda, somente falam em manutenção da tal segurança pública.
Então pelo discurso apresentados pelos tais novos governadores ao estado de São Paulo, percebe se que estão algemados para sentarem na cadeira do tal palácio do Bandeirante, e continuaram à assinar os óbitos provocados pelo Genocídio na periferias

5.2.18

HIP HOP CONHECIMENTO PÚBLICO: EDUCAÇÃO, TÉCNICA, POLÍTICAS E CULTURA.

Solicitamos a efetivação da política pública voltada para o movimento Hip Hop MSP, como se descreve na *SEMANA DO HIP HOP ,LEI MUNICIPAL 14485/2007 LIX; o movimento organiza a elaboração do projeto, junto e em parceria com a prefeitura de São Paulo através da Secretara de Cultura; Sec. Educação e Sec. De Direitos Humanos. Cabe a poder executivo executar sua responsabilidade de cunho público no cumprimento da lei e manter a parceria entre sociedade civil e poder executivo.

O tema do Mês HIP HOP 2018 é: HIP HOP CONHECIMENTO PÚBLICO: EDUCAÇÃO, TÉCNICA, POLÍTICAS E CULTURA. Ele acontecerá por toda a cidade de São Paulo, seus valores é o pertencimento geográfico, sociocultural e estética, todos desenvolvidas na produção periférica pelo hip hop.

A ação é um dialogo transversal e indisciplinar para além de entretenimento, ela é agregadora de valores sociais propostos pelas artes nas suas formas e técnica adquiridas pelo conhecimento humano, ele provoca o indivíduo a participar e fazer o hip hop paulistano.

Todo o mês de março de 2018 haverá evento livres com shows, debates, oficinas, batalhas do movimento hip hop em toda rede pública educacional e culturais da cidade, serão 63 equipamentos públicos. (CEUs,Casas de Cultura M´Boi Mirim; Hip Hop Sul; Itaquera; Itaim Paulista; São Mateus; Hip Hop Leste; Butantã; Tremembé; Freguesia do Ó e Vila Guilherme, Centros Culturais CCJ; Galeria Olido; Grajaú e Praça do CampoLimpo, Espaço Cultural Leilah; Praça do Campo Limpo, Equipamentos de SMC Museu Chácara Lane e Praça das Artes, Escola Municipal EMEF Duque de Caxias). O projeto traz para realidade o conceitto de pertencimento a cidade e seus direitos culturais e histórico.

Além da razão de sua proporção levando se a crer em ser o maior evento de hip hop do mundo, em sua extensão e durabilidade.

Segundo a lei 13.924/04, a semana do Hip Hop é um evento de promoção de políticas afirmativas direcionado ao público integrante do Movimento Hip Hop e destinado ao combate a discriminação racial, que deve ser realizado anualmente, de acordo com o Calendário de Eventos da Cidade de São Paulo, na segunda quinzena de março, incluindo obrigatoriamente o dia 21 do referido mês.


1.11.17

Representantes da Cultura fazem apresentações para pedir mais recursos para a área

Luiz França/CMSP
Audiência Pública discutiu o Orçamento do ano que vem para a Cultura
DA REDAÇÃO
Apresentações de teatro, dança e música marcaram a Audiência Pública desta terça-feira (31/10) para discutir a Proposta de Lei Orçamentária 2018 (PL 686/2017) – que estima as receitas e fixa as despesas da capital paulista para o próximo ano – da Secretaria Municipal de Cultura.
Os mais de 300 participantes da Audiência fizeram intervenções artísticas para pedir mais verbas para a Pasta. De acordo com a proposta em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo, dos cerca de R$ 56,2 bilhões previstos para a cidade, a secretaria municipal de Cultura terá cerca de R$ 437 milhões – o que representa uma queda de 15,8% em relação ao orçado para este ano.
Para o integrante do Fórum de Hip Hop, rapper Pirata, o recuo do Orçamento para a Cultura precisa ser revisto. “A área deve ser respeitada e esses 15,8% precisam voltar para que a Secretaria Municipal de Cultura tenha poder e faça os investimentos necessários”, disse.
Pirata defende que o aumento possa garantir, entre outras coisas, a realização do mês do Hip Hop, a manutenção das Casas de Hip Hop e o vocacional Território Hip Hop. “O evento ocorre em todos os territórios da cidade. A Casas de Hip Hop ajudam a preservar e a contar a história e o vocacional gera cultura e sai das especificidades”, disse.
O secretário de Cultura, André Sturm, afirmou que haverá dinheiro para o Hip Hop. “O Orçamento prevê R$ 1,5 milhão para o mês do Hip Hop. É inquestionável a importância desse evento, tanto que entendemos que apenas um mês é pouco”.
A aluna de canto lírico da Escola Municipal de Música Tamila Freitas comentou a importância do projeto para as pessoas da periferia. “O conceito de que a música erudita é elitizada é errôneo. Somos estudantes de música erudita e somos da periferia. São instituições como essa que nos permitem ter esse tipo de estudo”, disse a corista.
A Escola Municipal de Música faz parte da Fundação Theatro Municipal de São Paulo. Para o próximo ano, está previsto um aumento de 14% em relação a 2016, o que garantirá cerca de R$ 140 milhões para a instituição. “Essa escola atende muitos alunos de periferia e é um curso de formação profissional. O aumento para o Theatro Municipal é consequência da reestruturação que estamos fazendo, que nos permitiu dar melhores condições de trabalho aos músicos e bailarinos”, disse o secretário.
A bibliotecária Durvalina Soares Silva chamou a atenção para a importância dos livros e da literatura. “Estamos vendo algumas bibliotecas sendo fechadas e não vemos Orçamento para os ônibus-biblioteca, que atendem as periferias e permitem que as pessoas tenham acesso ao livro e à leitura. Não aceitamos o desmonte da literatura e do livro. Precisamos ser respeitados pela Secretaria Municipal de Cultura”, comentou.
Sturm concorda que a literatura e os livros precisam ser valorizados. “Está previsto R$ 1 milhão para as políticas públicas das bibliotecas e para o programa ônibus-biblioteca. É uma inverdade que as bibliotecas não são priorizadas”, disse ele.
Outras demandas foram apresentadas pelos participantes da Audiência Pública, como recursos para o reggae, dança, e a reabertura da Ocupação Cultural de Ermelino Matarazzo, na zona leste.
Para o sub-relator de Cultura no Orçamento, vereador Zé Turin (PHS), a participação popular foi fundamental. “Estou estudando o Projeto e percebemos que será necessário um aporte para a Secretaria Municipal de Cultura. É importante porque todos precisam ser contemplados, em especial as periferias”, disse.
O relator do Orçamento, vereador Ricardo Nunes (PMDB), defendeu a necessidade de os recursos serem investidos. “É necessário que haja um dispositivo para que o dinheiro não possa ser remanejado ou congelado. O Orçamento para a Cultura deve melhorar”, disse.
O presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, vereador Jair Tatto (PT), elogiou a participação dos presentes. “Vamos marcar mais uma Audiência Pública para discutir a Cultura. O Orçamento da área precisa melhorar bastante”, disse.
Participaram da Audiência Pública os vereasores Antonio Donato (PT), Toninho Vespoli (PSOL), Sâmia Bomfim (PSOL), Juliana Cardoso (PT), Professor Claudio Fonseca (PPS), Mario Covas Neto (PSDB), Janaína Lima (NOVO), Isac Félix (PR), Edir Sales (PSD), Rute Costa (PSD) e Eduardo Suplicy (PT).
PPA
Os participantes ainda discutiram o Plano Plurianual 2018-2021 (PPA) – que reúne as ações e metas do Governo para esse período. O relator do Projeto é o vereador Atílio Francisco (PRB), que está acompanhando todas as Audiências Públicas.
Participe das próximas Audiências Públicas do Orçamento e do PPA. Veja aqui o calendário completo.
Conheça aqui todos os detalhes do Orçamento.

24.7.17



CAPÍTULO I
NEGRO DRAMA
UM PANORAMA DO RACISMO NO BRASIL
R7 entrevistou 27 pessoas, entre personalidades e especialistas, e se debruçou em 22 fontes de pesquisa para discutir a situação da população negra no País.
Foto: Juca Guimarães
  
24/07/2017
São Paulo - Brasil
REPORTAGEM
Giorgia Cavicchioli, Juca Guimarães
e Peu Araújo
ARTE
Danilo Lataro
Com base na Convenção para a prevenção e repressão do crime de genocídio, adotada pelas Organizações das Nações Unidas em Assembleia Geral em 1948, o R7 reconheceu situações críticas em relação à população negra no Brasil em nove diferentes cenários: número de mortes, violência, educação, mercado de trabalho, saúde, habitação, família, violência contra a mulher e falta de representatividade.
O capítulo de abertura, o primeiro de cinco desta reportagem especial, apresenta números e opiniões sobre o número de mortes e a violência contra os negros no Brasil.
A pedido do R7, o Instituto Paraná Pesquisas realizou um levantamento exclusivo sobre racismo no Brasil. O relatório, realizado no final do mês de maio de 2017, fez duas perguntas para a população. Uma delas era se algum dia aquela pessoa foi racista. 93,7% afirmou que não, 5,9% disse que sim e 0,5% não respondeu.
A segunda pergunta feita foi se a pessoa tinha presenciado algum ato ou cena racista. Para essa questão, 50,3% afirmou que sim. 49,2% dos entrevistados disse que não e 0,5% não respondeu. A pesquisa ouviu 2.022 eleitores com 16 anos ou mais. O levantamento foi feito em todo o Brasil e tem 95% de confiança. A margem de erro estimada é de 2%.
R7 recorreu ao título da música do Racionais MC’s para dar nome a essa reportagem especial. Assista a uma interpretação exclusiva de Tawane Theodoro, poeta e uma das participantes de poetry slam’s (campeonato de poesia).
Olha quem morre
Mapa da violência por armas de fogo no Brasil
No Brasil, 29.813 pessoas negras foram vítimas de homicídio por arma de fogo em 2016, segundo o Mapa da Violência elaborado pela Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais). O número de brancos alvos do mesmo tipo de crime no mesmo ano é um terço menor: 9.766.
Em dez anos, a taxa de homicídios na população negra brasileira ficou 30,4 pontos percentuais acima da taxa na população branca. O mais grave é que neste período, entre 2005 e 2015, quando se considera a cor da pele como critério, a taxa de homicídios dos negros aumentou 18,2% enquanto a da população branca caiu 12,2%.
Das 27 unidades federativas do Brasil, 19 estados tiveram alta nesta estatística. Em 15 deles, o aumento foi superior a 50%, na comparação entre 2005 e 2015. A taxa de homicídios de negros cresceu 331,8% no Rio Grande do Norte, 149,7% no Ceará, 124,5% no Amazonas e 123,5% no Maranhão, em uma década.
“Em 2014, para cada não-negro que sofreu homicídio, 3 indivíduos negros foram mortos”
Fonte: Atlas da Violência
Os dados estão no Atlas da Violência, compilado pelo Ipea com informações do IBGE e do SIM (Sistema de Informações Sobre Mortalidade), divulgados em junho deste ano. Entre as 27 unidades federativas do País, houve alta no percentual de mortes de brancos em 16 estados, entre 2005 e 2015. Porém, essa alta superou a marca de 50% em oito deles. Os estados com a maior alta na taxa de homicídios de brancos são: Tocantins (129,7%), Roraima (114,4%), Maranhão (114,3%) e Bahia (106,2%).
No Brasil, o cidadão negro possui chances 23,5% maiores de sofrer assassinato em relação a brasileiros brancos, já descontado o efeito da idade, sexo, escolaridade, estado civil e bairro de residência.
O panorama é visto com preocupação pela ONU (Organização das Nações Unidas). “Pensando nos assassinatos, uma pessoa jovem e afrodescendente morre a cada 24 minutos. Então, obviamente, estamos preocupados”, afirma o diretor do Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil Maurizio Giuliano.
Muitos movimentos sociais brasileiros defendem a tese de que existe em curso um genocídio da população negra, com o objetivo de exterminar toda a população de pele escura. A afirmação é defendida pela deputada estadual Leci Brandão. Em entrevista ao R7, ela afirmou que o genocídio “é real”. A ex-consulesa da França Alexandra Loras também concorda que existe um processo de extermínio sistemático no Brasil.
“Aos 21 anos de idade, quando há o pico das chances de uma pessoa sofrer homicídio no Brasil, pretos e pardos possuem 147% a mais de chances de ser vitimados por homicídios, em relação a indivíduos brancos, amarelos e indígenas”
Fonte: Ipea
— 56 mil pessoas que são mortas a cada ano, tem mesmo um genocídio acontecendo. Só que o marketing brasileiro é de falar só de carnaval, de samba, de alegria, de praias... quando, na verdade, tem uma guerra silenciosa acontecendo, um embranquecimento planejado.
Mas a ONU não reconhece o genocídio da população negra. Giuliano explica. “A ONU não reconhece que aqui no Brasil exista um genocídio contra a população negra. O que nós reconhecemos é que há problemas sérios com respeito a população afrodescendente”. O diretor afirma que “tem que haver uma intenção de eliminar. Isso pode ser através de matar, ou através de outras coisas. Mas com a intenção de destruir. Não são situações como são a do Brasil.”
Homicídios por arma de fogo no Brasil
BRANCOS 23,1%
NEGROS 70,5%
Fonte: Mapa da Violência 201
Pra quem vive na guerra a paz nunca existiu O negro é o vilão da sociedade brasileira 
Por hora, em média, morrem três jovens negros no País. Em entrevista ao R7, André Luiz dos Santos, representante do Fórum de Hip Hop de São Paulo, comentou o assassinato de pretos e pardos e afirmou que “o Brasil não se incomoda com as mortes, porque as pessoas negras estão estereotipadas como bandido, como inimigo da sociedade”.
— O inimigo da sociedade é o adolescente, de 13 anos, preto, morador da periferia. Aí as pessoas não se incomodam com ele. Ele é um monstro social.
Este ano, foi mostrado que a população negra brasileira ainda tem um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) menor que a população branca e só em 2010 os negros alcançaram um patamar que os brancos já tinham desde 2000. As constatações foram obtidas pelos pesquisadores do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) no Brasil.

R7: Por que você acha que há resistência ao termo genocídio da população negra no Brasil?       André Luiz dos Santos: Porque atinge uma determinada população. Você vai ver, pelos números, que é preto, pobre e periférico. E só vem evoluindo o número desses assassinatos, nunca diminui. Em 2014, para mascarar isso, o Estado de São Paulo, parou de falar das chacinas. Os policiais mataram muito mais do que as pessoas do crime. O Brasil não se incomoda com as mortes porque as pessoas negras estão estereotipadas como bandido, como inimigo da sociedade. O inimigo da sociedade é o adolescente, de 13 anos, preto, morador da periferia. Aí as pessoas não se incomodam com ele. Ele é um monstro social.

R7: A desmilitarização poderia reduzir o número de mortes?     André Luiz dos Santos: Só desmilitarizar a polícia militar não resolve. O problema é a política de segurança pública implantado pelo Geraldo Alckmin no Estado de São Paulo já há um bom tempo. E essa segurança maquia o principal que é o dinheiro. As pessoas que estão presas, por ano, dão um lucro de 5 bilhões. Alguém fica com esse dinheiro. O Brasil não discute racismo. Se falar de racismo, as pessoas não vão às ruas. Mas para falar de qualquer outra besteira as pessoas vão às ruas.
R7: O encarceramento em massa também deve ser discutido nesse quesito. Penas alternativas ajudariam?André Luiz dos Santos: Essas pessoas são presas pela questão do tráfico. As pessoas estão presas sem serem condenadas. Só que isso faz um caos na periferia.

R7: Como a maioridade penal pode influenciar neste panorama? André Luiz dos Santos: O ECA nunca foi cumprido. O número de adolescentes que cometeu um assassinato é de zero vírgula zero alguma coisa. Os dados são todos falsos. O medo é uma forma política de controlar. Eles pegam um cara do MP e coloca dentro da secretaria de governo. E com esse negócio é a vida do pobre que está em risco.
R7: Qual é o trabalho de resistência que você faz? André Luiz dos Santos: Conseguimos fazer debates, manifestações... a gente conseguiu trazer uma discussão sobre o genocídio muito grande. Só que a gente não quer ficar falando de números. A gente quer que pare as mortes.


link: http://www.r7.com/r7/media/2017/2017-negrodrama/index01.php