Letra
MALANDRAGEM
Rapper Pirata CD Triunfo
A malandragem teve um grande significado no meu passado
lembro dos meus amigos e considerados
meu irmão, meu companheiro Edson,Ricardo, Palmerinha, Tico, Lito, Nasser e outros mais...
Todos nós eramos manos e aliados
estávamos num mundo discriminado
por professores, diretores e outros putos dessa sociedade
que nos chamavam de bandidos e elementos
para esses coitados dou lhes os meus lamentos
sabíamos que eramos garotos perdidos na adrenalina
do perigo dessa enorme cidade paulistana
que fica abandonada no final de semana
só que com a gente ela era movimentada
nós curtíamos, zuavamos não parávamos
o barulho de nossas motos, carros e brincadeiras perturbavam
aguas pelas janelas de predios eram jogadas lá na Barão
ai quando não via o camburão
e ficávamos no paredão em plena tarde de verão
os tiras nos revistavam
armas em nossas cabeças eles apontavam
as vezes uns davam mancada e a erva em seu bolso era encontrada
para a delegacia ia toda a mulecada que depois de horas era liberada
por sermos de menor
só que levamos tapas e muros sem dó
de uns canas drogados
o fragmentos branco em suas narinas o denunciavam
eles levaram uns de nós para o outro lado
onde o passaporte é a bala e a voz se cala...
Havia muitas mulheres com nós
como a Simone, Suzi, loca Iara, Batatinha e outras lindas mulheres
que entraram em nossas tretas
dançavam em nossas festas
já se foi uma adolescência de se dar inveja
com a grana financiada pela nossa firma robauto
que vendia a nossos cliente intrujões
eles compravam em nossa mãos tocas, vídeos e outros objetos de valores
a pedrita era nossa ferramenta de produção
em fração de segundos vidros de carros estavam no chão
tínhamos chegado ao ponto cri da vida do crime
eramos da Santa Cecília, Pirelli, Casarão, Liceu, Guaianazes, Boca
sentimos o amargo da vida loca
principalmente quando uns as drogas começou a curtir
boa parte da malandragem já não está mais aqui
foram batendo suas asas no sentido do céu
lado ruim, lado cruel
O tempo foi passado
a década dos dez ia se acabando
muitos com Deus foram morando
Molinari, Tutu, Fuscão
outros nas drogas enlouqueceram
diversos trocaram as ruas por espaços pequenos de celas
a profecia se completa
a malandragem um dia acaba
hoje nas ruínas eu passo
onde a decadência tomou conta do pedaço
ela contabiliza junto com a melancolia da severa pedra
até a maldita doença do sangue os levam
os tantos que nesse presente são poucos
acreditamos na glória que nos deixa com a corda no pescoço
e nos dá um troféu de madeira
a malandragem já não tem mais beleza
igual as das moças que a perderam
por estarem desfilando nas passarelas das avenidas
hoje estão magras e amarelas
na busca da grana para sustentar o seu vício ou seus filhos
por querem ser as malandradas
conhecemos muito cedo o sistema capitalista
que fez camarada atirar em camarada
caimos na roubada que nos resume a cada hora que se passa
deixando o centro totalmente sem graça
foram-se garotos que não tornaram-se homens
qualquer dia a morte sorteia o meu nome
eu pedi para as forças divinas me tirar
desse maldito dito que temos que ser
o mais vivo dos malandros
meninas e meninos foram se afundando
na areia movediça da podre vida bandida
cheia de trapaças
quando a malandragem acaba...